terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mitologia de um Universo

Não há espaço nesta história. Estava parado, flutuando, imaginando, pensando, argumentando consigo mesmo sobre a existência das coisas e sua provável onipotência, pois ao imaginar as coisas estas começavam a tomar formas, das primeiras das coisas que fez, fez algo que medisse o tempo para ele, que tivessem um ciclo próprio e criassem um tempo através de voltas, construiu assim, as quatro primeiras partículas do universo que ele era.

Sim, ele era o universo, por isso não havia espaço para fora de si, só espaço interior. Tudo aquilo vinha de sua imaginação, como a primeira partícula, o primeiro átomo, a primeira molécula e então, o primeiro grande acúmulo de moléculas, o primeiro grande planeta: areia no espaço, podemos imaginar.

E então ele fez leis, coisas que fizessem estas próprias moléculas se perpetuarem, ora, sozinho, dono de tudo, gostaria de alguma surpresa na vida, e assim o fez e aguardou ansiosamente para sua invenção ter algum rumo, e de lá, saíram alguns pequenos animais, destes, alguns bípedes, destes, alguns capazes de desvendar os mistérios de onde tinham vindo e imaginar as leis deste próprio universo e, por Universo, eles estavam certos sobre algumas, conjecturavam umas outras.

Uma coisa que Universo percebeu era que, desde as pequenas moléculas, tratara de dar companhia aos seres, e sempre tentou e tentou reproduzir a si mesmo, fazer um outro onipotente, mas não conseguia já que nunca tinha visto a si mesmo,  só tinha o conhecimento de dentro e que ele mesmo havia feito, e agora pensava, de onde ele veio, será que há outro como ele.

As mesmas perguntas os humanos faziam, e estes, até avançaram mais sobre o Universo do que o próprio, pois tirou do pensamento o egocentrismo que permeia algumas das criaturas racionais, tais quais o próprio universo, estas criaturas bípedes pensantes foram capazes de imaginar as possibilidades quânticas, as possibilidades do é e ou não é, ora, como assim.

Universo compreendeu que toda vez que tomava uma decisão em seu imaginário; ele se multiplicava e dividia no mesmo caminho, tendo assim a cada resposta se reproduzido e separado ele mesmo de quem foi um dia, tendo vários clones de si, e ele sendo um dos poucos a conjecturar esta possibilidade, ele pensou, mas poxa vida o que vou fazer, em sua linguagem de Universo que nós humanos nunca entenderemos, talvez deva falar conjecturando com estrelas, distraindo-se com poeiras cósmicas, talvez como uma criança, brincando na areia, ou ligando os pontos das próprias estrelas, com as palavras sendo elas mesmas e as linhas entre elas os conectivos das frases, ( e isto levasse à Astrologia no mundo humano, uma vez que quando Universo queria que algo acontecesse, seus pensamentos se alinhavam e todos àqueles que eram influenciados pelo mesmo tipo de pensamento, ou seja, se comportariam de uma forma parecida em terra derivado de um acontecimento na formação do pensamento na criação destes mesmos seres humanos ou não humanos, mas voltando )

Universo então tentou se comunicar com seus clones, imaginou ferramentas e usou todo o pensamento possível, isto só levou a mais uma descoberta quântica indireta pelos humanos, os universos nunca entrariam em real contato entre si.

Universo estremeceu, galáxias se desformaram e estrelas acenderam tão forte que apagaram, grandes buracos negros surgiram, ele percebeu que de fato estava sozinho em toda sua existência e nunca seria capaz de conhecer algo que não fosse uma criação dele mesmo. A partir deste dia, Universo que antes estava constantemente em crescimento, agora estava destruindo-se de tristeza, optou pelo suicídio.